Curadoria de notícias e o papel do jornalismo no século XXI

Curadoria de notícia e agregadores de conteúdo são alternativas de negócio para o jornalismo em meio a “overdose” de informação e profusão de “fake news”

(Esta é a versão completa do artigo reduzido de mesmo nome publicado no e-book “Como se banca o jornalismo – modelos, tendências e reflexões sobre o financiamento de mídia”)

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Introdução

O mundo vive a era da superabundância de informações. O indivíduo conectado na rede recebe constantemente uma carga enorme de dados que são impossíveis de serem processados e transformados rapidamente em conhecimento. Esse cenário, no entanto, não é novidade e já foi imaginado no passado.

Desde a década de 70, pensadores e futurólogos como Alvin Toffler já previam a construção de uma sociedade marcada pela “sobrecarga de informação”. O especialista em mídia Neil Gabler (2011) cunhou o termo “pós-ideia” para afirmar que vivemos em uma época em que os indivíduos se tornam grandes acumuladores de fatos e informações, mas já não conseguem desenvolver um pensamento crítico e profundo sobre um fato. É o que ele chama de “ignorância bem informada”.

Para o filósofo David Weinberger (2012), que identifica uma “crise do conhecimento” neste cenário, “nossa tarefa é saber como construir salas inteligentes, ou seja, como construir redes que nos tornem mais inteligentes, e se isso for feito de forma inadequada, a rede pode fazer de nós pessoas cada vez mais ignorantes” (WEINBERGER, 2012).

Dentro deste contexto, nos últimos 20 anos, o modelo de negócios e de distribuição de conteúdo do jornalismo sofreu três grandes transformações, segundo o relatório do Tow Center for Digital Journalism “A Imprensa nas Plataformas” (BELL; OWEN, 2017): a migração do analógico para o digital; o advento das mídias sociais e, atualmente, a primazia do mobile. Nesse cenário, as redes sociais conquistaram enorme importância, funcionando como verdadeiros publishers, selecionando, distribuindo e monetizando conteúdos jornalísticos.

 

Agora estamos vivendo uma terceira onda de transformação tecnológica. A migração do computador para a telinha do celular e o desenvolvimento de uma web móvel privatizada encerraram e monetizaram a promessa da web aberta. Os princípios da rede aberta, que tanto foram alardeados para cidadão e jornalistas, deram lugar a um ecossistema dominado por um pequeno número de plataformas que exercem tremenda influência sobre o que vemos e sabemos. A internet que hoje vemos, controlada em grande medida por duas ou três empresas, está muito longe da internet aberta de Tim Berners-Lee. (BELL; OWEN, 2017, p. 52)

 

Curadoria e agregadores de conteúdo

As redes sociais como o Facebook, no entanto, relutam em assumir responsabilidade sobre os conteúdos que gerenciam, pois se consideram empresas de tecnologia neutras que não realizam uma seleção parcial das informações, embora se utilizem de algoritmos que decidem o que será acessado pelo usuário.

Em agosto de 2016, por exemplo, a plataforma demitiu seus 30 editores (ou “curadores”, como eram chamados) em resposta à acusação de que a plataforma estava editando seus Trending Topics para eliminar conteúdo de fontes conservadoras. No entanto, pouco tempo depois, com a profusão das “fake news”, viu-se que a rede deveria ter incentivado uma maior atuação editorial.

Para organizar essa enorme quantidade de dados e informações, faz-se necessário um gerenciamento desses conteúdos, filtrando e reorganizando-os segundo critérios jornalísticos. Nesse sentido caminha o relatório “Jornalismo Pós-industrial”:

 

“A erosão de velhas formas de agir é acompanhada da expansão de novas oportunidades e de novas necessidades de um trabalho jornalisticamente importante. O jornalista não foi substituído — foi deslocado para um ponto mais acima na cadeia editorial. Já não produz observações iniciais, mas exerce uma função cuja ênfase é verificar, interpretar e dar sentido à enxurrada de texto, áudio, fotos e vídeos produzida pelo público”. (ANDERSON; BELL; SHIRKY, 2013, p. 43)

 

Etimologicamente, o termo curadoria está vinculado ao ato de curar, zelar, vigiar por algo. Com a evolução social, o termo passa a relacionar-se com o campo das artes, dos museus e seus respectivos acervos.

Na medida em que ocorre a expansão da sociedade digitalizada, o termo curadoria passa a ser utilizado para uma diversidade de ações que envolvem organização de dados a partir de critérios ou recortes (BERTOCCHI; SAAD, 2017). Nesse contexto, é possível perceber a crescente utilização de agregadores de conteúdo, como Netflix e Spotify, ou, como chama Tania Lucía Cobos (2017), “intermediários digitais, cibermediadores ou infomediadores”. Para a pesquisadora, esses atores coletam e organizam grandes quantidades de dados e agem como um intermediário entre aqueles que querem a informação e aqueles que a fornecem, porém sem possuir os produtos e serviços que são destinados diretamente do fornecedor para os clientes.

Segundo a autora, os lucros desses mediadores se baseiam, entre outras fontes, principalmente nas informações coletadas sobre os comportamentos do público e seu consumo digital. Eles criam valor pela agregação de produtos e serviços que tradicionalmente são oferecidos de forma separadas e por causa da percepção de neutralidade gerada por essa diversidade de fontes, o público os utilizam com um grande nível de confiança.

No campo do jornalismo, existem os agregadores de notícias, que são definidos por Winer (2002) como “um software que lê periodicamente um conjunto de fontes de notícias, em um dos vários formatos baseados em XML, encontra os novos bits e exibe-os em ordem cronológica inversa em uma única página”. Em uma visão mais recente, Isbell (2010) afirma que “em sua forma mais básica, um agregador de notícias é um site que pega informações de várias fontes e as exibe em um único lugar” e Foster (2012) diz que “os sites de agregadores de notícias geralmente fornecem um pacote de notícias cuidadosamente selecionado de diferentes fontes”.

O alto índice de uso dessas plataformas agregadoras pode ser verificado na pesquisa de Angela M. Lee e Hsiang Iris Chyi (2015). Segundo as autoras, quase dois terços (65%) dos adultos online são usuários de pelo menos um dos três principais agregadores de notícias objetos da pesquisa (Yahoo! News, Google News e Huffington Post), enquanto cerca de um terço (35%) dos inquiridos não utiliza nenhum dos três agregadores de notícias.

Prós e contras dos agregadores

Esse estudo sugere que, ao contrário das expectativas, aqueles que consomem notícias de agregadores de notícias são, na maioria dos casos, mais propensos a também consumirem notícias de outras meios de comunicação midiáticos, resultando em uma relação não competitiva entre agregadores e veículos jornalísticos. A relação simbiótica observada pode parecer contra intuitiva à primeira vista, mas é explicável se for considerada a evidência empírica do hábito de consumo multiplataforma dos consumidores de notícias. Por exemplo, estudos descobriram que os consumidores online de notícias são mais propensos a também consumirem notícias em jornais impressos do que não usuários.

Além disso, uma pesquisa recente descobriu que mais de 80% dos consumidores americanos de notícias visitam mais de um site diariamente (Ongo, 2011). Dado que navegar entre diferentes sites de notícias envolve um custo mínimo, os usuários podem visitar vários sites de notícias para satisfazer diferentes necessidades, contribuindo para a relação não competitiva entre os agregadores de notícias online e as principais agências de notícias.

Chyi e Lee também destacam que aqueles que são mais jovens e não brancos são mais propensos a usarem agregadores de notícias. Essas características contrastam totalmente com as dos usuários de meios de comunicação tradicionais, já que leitores de jornais diários e telespectadores de TV tendem a serem mais velhos.

A investigação das motivações psicológicas revelou que o uso de agregadores é fortemente orientado por motivações de informação (por exemplo, para saber o que está acontecendo no mundo e se informar, etc.), seguidas por motivações sociais (ou seja, para acompanhar o que outras pessoas ao redor podem estar falando e ter algo para conversar com os outros) e motivações de entretenimento (porque é divertido e quando não é nada melhor para fazer) (Chyi; Lee, 2015).

Notavelmente, o estudo também revelou que os usuários de agregadores de notícias não são guiados por motivações de opinião (ou seja, para ajudá-los a formar opiniões sobre questões ou saberem as opiniões de outras pessoas). Em outras palavras, eles se utilizam dessas plataformas de maneira apolítica.

Os críticos dos agregadores alegam que ele promove um ataque ao jornalismo de qualidade, pois a distribuição gratuita desencorajaria o usuário de pagar pelas notícias e acabaria com estratégias de pagamentos baseadas em “paywall”, deixando as mídias noticiosas com todos os custos de produção das notícias, enquanto o agregador apenas assumiria os benefícios da distribuição (Cobos, 2017).

Para obter as informações, a maioria dos agregadores não faz nenhum tipo de pagamento e tampouco mantêm um relacionamento formal com os autores do conteúdo noticioso, embora, em poucos casos, eles possam ter uma relação comercial direta com alguns fornecedores, como é o caso do Blendle. Os usuários podem pesquisar ou navegar por categorias de conteúdo, onde as notícias são agrupadas por tópicos, de modo que as pertencentes a um mesmo tema apareçam juntas, mesmo que possuam fontes de origens diferentes.  

Outras críticas incluem o fato de um algoritmo ser o responsável por selecionar o conteúdo visto pelo público, retirando critérios subjetivos da escolha de conteúdo; a preferência e visibilidade dada às notícias dos grandes e tradicionais meios de comunicação; a suposta diversidade, já que muitas fontes do Google News apenas replicam informações de agências de notícias; a baixa taxa de conversão de cliques em comparação com o tempo que o usuário permanece navegando nas notícias dentro dos agregadores.

Os agregadores de notícias, por sua vez, argumentam que aumentam a visibilidade dos meios de comunicação, o tráfego na web e a possibilidade de aumentar seus lucros por meio de publicidade digital e assinaturas. Além disso, eles alegam oferecer variedade e diversidade aos usuários, bem como personalização e geolocalização de notícias (Cobos, 2017).

Estudos de Caso

O Blendle, criado por Marten Blankesteijn e Alexander Klöpping em 2014, surgiu na Holanda e foi bancado por um fundo governamental durante sua fase de testes. Inicialmente, utilizava-se apenas de micropagamentos como fonte de receita, mas hoje também possui serviço de assinatura (disponível apenas na Holanda, por enquanto). Atualmente, encontra-se em três países: Holanda, Alemanha e possui uma versão beta nos Estados Unidos.

Logo do Blendle

Já o GoRead é um produto do Grupo Abril que, por meio de uma assinatura mensal, oferece ao público acesso a todas as revistas do seu portfólio, o que inclui todos os títulos da Abril, além de publicações de outras editoras. Teve início em outubro de 2016, oriundo do anterior Iba Clube, e permite a utilização gratuita por um mês.

Logo do GoRead

Seus modelos de negócios se baseiam basicamente no modelo de Plataformas Multilaterais. Elas unem dois ou mais grupos distintos, porém interdependentes, de clientes e criam valor facilitando a interação entre diferentes grupos, nesse caso entre as empresas jornalísticas e o público. Além disso, como plataforma multilateral, crescem na medida em que atraem mais usuários, um fenômeno conhecido como “efeito rede”. No entanto, embora se assemelhem enquanto agregadores, possuem particularidades diferentes. A tabela abaixo analisa-os em relação ao público.

 BlendleGoRead
Público-alvoLeitores em inglês, holandês e alemãoLeitores brasileiros
Nº veículos20 (EUA); 100+ (Holanda/Alemanha)182
Nº downloads Google Play StoreMais de 100 milMais de 100 mil
Nota Google Play Store4,1/54,5/5
Curtidas no Facebook22.56381.567
Diferenças de público: Blendle x GoRead / Fonte: elaborada pelo autor (2018)

 

Percebe-se que número de veículos disponíveis no Blendle, presente em três países, é menor do que o do seu concorrente brasileiro, que também possui mais seguidores no Facebook. No que diz respeito ao modelo de negócio, os dois aplicativos não diferem tanto, como a seguinte tabela demonstra.

 

 Modelos de receitasMeios de pagamentoValores dos serviços
BlendleMicropagamento / assinatura mensalCartão de crédito / PayPalMicropagamentos por notícias: ($ 0,09-0,59) com $ 2,5 grátis / assinaturas mensais: € 9,99
GoReadAssinatura mensalCartão de crédito / PayPalR$ 22,90. 1º mês gratuito.
Modelos de receitas: Blendle x GoRead / Fonte: elaborada pelo autor (2018)

 

Ambos possuem serviço de assinatura (embora este esteja disponível apenas na versão holandesa do Blendle) e os mesmos métodos de pagamento, mas o Blendle permite também ao público realizar micropagamentos por notícia lida, concedendo como bônus $ 2,5 para novos usuários.

A diferença fundamental entre os dois aplicativos, entretanto, consiste na realização de curadoria. O Blendle, por meio de algoritmo, realiza seleção de informações e oferece conteúdo personalizado ao seu leitor de acordo com os interesses individuais de cada um, enquanto o GoRead apenas disponibiliza seu acervo sem realizar qualquer filtro customizado.

 

 CuradoriaLeitura OnlineSalva artigosLeitura offline
BlendleSimSim; sem downloadsSimSalva a notícia no Pocket (leitura apenas em tablet e desktop)
GoReadNãoObriga o usuário a fazer download das publicaçõesSimFaz download da notícia no próprio app
Funcionalidades: Blendle x GoRead / Fonte: elaborada pelo autor (2018)

 

Talvez o maior limitador do GoRead seja a obrigatoriedade da realização de downloads das revistas para sua leitura. Enquanto o Blendle hospeda na nuvem os seus conteúdos, o aplicativo brasileiro obriga a pessoa a baixar em seu aparelho o arquivo da publicação, o que acarreta num maior uso da banda larga de internet e da memória do dispositivo, limitando o alcance dos seus usuários.

Por sua vez, uma vez baixado o conteúdo, a leitura é possível de ser feita no próprio aplicativo, no caso do GoRead, e em qualquer aparelho, enquanto o Blendle salva seus artigos em outro aplicativo (Pocket) e permite a leitura apenas em tablets e desktops.

Considerações finais

A atual configuração do ecossistema midiático traz diversos desafios e possibilidades para consumidores, produtores e curadores de conteúdo. Esses últimos devem entender que seus próprios pontos de vista da figura de curador em tempos de mídias sociais talvez seja um recorte interessante e necessário para pensar e agir sobre a comunicação digital. “As redes on-line e suas manifestações fazem com que muitas das ações dos usuários da web exerçam impacto de cunho curatorial no ecossistema digital”, afirma Silva (2012).

A solução para essa questão provavelmente consiste na união entre o algoritmo, focado no comportamento passado do usuário (comentários, recomendações, “likes”, etc), e o trabalho humano, realizado por um profissional da comunicação. Como curador, esse profissional é livre para olhar para o futuro e propor inusitadas perspectivas à informação, agregando novas visões e oferecendo aos seus usuários a surpresa e aquilo que eles nem imaginariam existir no mundo, ampliando sua compreensão da realidade.

Ao refletirmos sobre a curadoria comunicacional da informação partimos do pressuposto de que o profissional da comunicação, por vivenciar a proximidade com aquele que quer e deve ser informado, possui um cabedal de variáveis importantes sobre processos de escolha, gostos, direcionamento da formação de opinião, variação de padrões sociais, entre outros dados, que possibilitam o uso de modelos algorítmicos menos uniformizantes e, portanto, mais adequados à função social do campo da comunicação.
(BERTOCCHI; SAAD, 2012).

 

Referências

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